A bacia amazônica foi densamente povoada por povos indígenas no passado; a arqueologia mostra como povos da floresta transformaram substancialmente a natureza e aumentaram a agrobiodiversidade ao longo de milênios. Portanto, tanto quanto patrimônio natural, os biomas amazônicos devem ser pensados enquanto patrimônio cultural. Registros preciosos dessas histórias profundas estão armazenados nos sítios arqueológicos, grandes e pequenas estruturas de terra (valas, estradas, geoglifos, aterros), e alterações na floresta observados em padrões ecológicos contemporâneos. Enquanto nos últimos 40 anos a pecuária, exploração madeireira, monocultura e mineração destruíram cerca de 20% da Amazônia, nos 12.000 anos anteriores a região passou por processos cumulativos de práticas de domesticação e manejo advindos de sofisticados conhecimentos indígenas.
Eduardo Goés Neves abre o ciclo de palestras dedicado às Histórias da Ecologia no MASP, eixo curatorial de 2025.
A palestra será transmitida pelo canal do MASP no YouTube, com interpretação em Libras.
Eduardo Góes Neves, nascido em 1966 em São Paulo, graduou-se em História pela USP em 1986. Fez mestrado e doutorado em Antropologia na Universidade de Indiana, entre 1989 e 1997. Conduziu as escavações do Projeto Amazônia Central (PAC) de 1995 a 2010 e, atualmente, realiza pesquisas de campo em Rondônia, Acre e Bolívia. Foi presidente da Sociedade Brasileira de Arqueologia (SAB) e integrou a diretoria da Society for American Archeology (SAA). Atuou como professor visitante em várias universidades internacionais e é professor no Museu Paraense Emílio Goeldi e na Escuela Superior Politécnica del Litoral (ESPOL), além de ser pesquisador do Centro de Estudos Ameríndios (CESTA-USP). Desde 2014, é professor-titular no Museu de Arqueologia e Etnologia (MAE-USP) e coordena o Laboratório de Arqueologia dos Trópicos (Arqueotrop). Ganhou o prêmio de pesquisa do Fórum Arqueológico de Xangai em 2019 e foi indicado para diretor do MAE-USP em 2022.