Em diferentes dias da semana, de modo presencial ou on-line, o MASP Escola oferece os cursos de Estudos Críticos, módulo que aborda tópicos específicos da cultura contemporânea. Cada curso tem duração mínima de 8 horas, ou quatro aulas de duas horas cada uma.
De programa intensivo, o módulo tem como objetivo ser um espaço de debate sobre as intersecções entre a arte e as questões políticas e sociais de peso na atualidade. As aulas também transitam pelos assuntos propostos pelos ciclos temáticos que pautam o programa de exposições do museu a cada ano.
A matrícula pode ser feita de maneira independente em cada um dos cursos.
De que modo produções intelectuais e artísticas trans podem apresentar contra-narrativas a interpretações acerca da realidade social brasileira? Como arte e crítica social situadas, implicadas, podem se mesclar de modo a reagir a uma história e a um cenário de precarização de existência, de políticas de inimizade e de empreitadas de morte social e extermínio? O curso buscará enfrentar tais perguntas gerais a partir de obras de ativistas, artistas e intelectuais trans que nos últimos anos têm se dedicado a nomear enquadramentos da realidade social, propor estratégias de intervenção e resistência, e instituir outros horizontes imaginativos.
O curso propõe uma viagem de descoberta por um universo ainda pouco explorado da música brasileira, analisando as origens de diversos subgêneros musicais que aconteciam longe dos holofotes e obras fonográficas fundamentais que são cultuadas no exterior, mas que continuam negligenciadas no Brasil. A partir daí iremos mergulhar nas trajetórias de artistas e bandas que expandiram a mente em nome da arte, no contexto da ditadura militar (1964-1985) no país. O curso tem como objetivo apresentar essas diversas facetas sonoras do Brasil e discutir os paradoxos entre a música livre, audaciosa e transgressora produzida sob a mira do preconceito.
O curso propõe uma reflexão acerca das marcas estéticas e éticas africanas na fotografia realizada na África e na Diáspora desde o século 19 até a contemporaneidade. Trata-se de analisar a história da fotografia negra considerando-a um diálogo entre as pessoas retratadas e as retratistas, ou segundo Peter Magubane, “uma ponte entre máscaras e identidades”. Parte-se da compreensão de que a fotografia é um instrumento de poder e o estúdio fotográfico é local de produção de conhecimento para discutir os usos feitos pelo ativista Frederick Douglass, o pai de santo Juca Rosa, a retratista Mama Casset, o fotojornalista Peter Magubane, o artista visual Eustáquio Neves, entre outros agentes históricos.
Quem são aquelas pessoas, mulheres, homens, crianças? Por que algumas de repente nos encaram tão diretamente, e outras, absortas, parecem desviar tão resolutamente o olhar de nosso escrutínio? De surgimento recente relativamente à história mais tradicional da arte, o gênero “retrato” se oferece como ocasião privilegiada para se observar de que maneira a arte vai abrindo lugar para a indagação da subjetividade, primeiro, na exaltação de indivíduos célebres, mas, a seguir, às portas da modernidade, em um profundo questionamento acerca de quem se representa em uma pintura e do porquê tais representações se exibem, e não outras. Um passeio pelos retratos de um museu é sempre uma ocasião pública de interrogação dos problemas da representatividade em arte.
Por ocasião da exposição Arte na moda: MASP Renner, o curso tem como objetivo geral expor e comentar o conceito moderno de moda relacionando-o com as noções de arte na modernidade e no modernismo. A partir de vasta bibliografia filosófica, sociológica, historiográfica e iconográfica, trata-se de analisar as relações entre a moda, a arte e o design presentes nos trabalhos de movimentos e artistas que pertenceram às vanguardas modernistas do século 20.
No último encontro, será realizada uma visita guiada pela exposição Arte na moda: MASP Renner, conduzida pelo docente.
Que papel os museus podem desempenhar no esforço coletivo de não deixar cair no esquecimento histórias difíceis? Mais do que isso, o que os museus devem fazer para abordar essas histórias e confrontar as permanências que tornam esse passado uma presença constante especialmente no cotidiano de grupos sociais minorizados, como as populações negras e indígenas, as mulheres e as pessoas LGBTQIA+? Esse curso busca abordar algumas experiências museais locais ou de fora do Brasil para responder a essas questões, enfatizando práticas curatoriais, artísticas, educacionais e científicas em conjunto.
Este curso parte da seguinte pergunta: pode-se viver bem em um mundo em ruínas? Ao fazermos essa questão, deparamo-nos com uma paisagem complexa e perturbadora: trata-se de um mundo em que as condições diferenciais de precarização da vida arruinam modos de relações e colocam-nos diante do desafio de nos abrirmos para a possibilidade de vivermos o presente espesso sem, contudo, sucumbirmos ao desespero e à indiferença. Mas o que resta deste mundo, afinal? Ao vasculharmos essas ruínas, veremos como a forma de vida neoliberal tem produzido uma maneira específica de experienciarmos a felicidade e o sofrimento. São essas as questões que movem as aulas desse curso.
Há muitas e diversas maneiras de se experimentar ou acessar uma obra de arte. Longe de querer esgotar o tema, o Laboratório de Observação propõe aos interessados quatro encontros em que, partindo do acervo do MASP, direcionaremos nossa atenção para aspectos formais da pintura e da escultura, e também para as escolhas que resultaram na maneira em que são apresentadas em diferentes instituições e períodos. O percurso será finalizado com uma imersão no Acervo em Transformação do MASP.
É possível pensar uma memória LGBT+ brasileira? Quais experiências são reivindicadas quando articulamos essa noção? O que fica silenciado nos esforços de registro e de produção de imagens e relatos? Este curso busca responder tais perguntas analisando os processos sociais de produção de memórias sobre as comunidades LGBT+ brasileiras, e questionando quais discursos e representações sobre o passado circulam na contemporaneidade, assim como quais vidas continuam silenciadas e apagadas nas tentativas de se produzir uma história LGBT+. Para tanto, o curso partirá da coleção de itens, das práticas comunitárias e dos projetos de pesquisa desenvolvidos por pessoas artistas, educadoras e pesquisadoras do Acervo Bajubá.